Sindrome do QT Longo

Ocorre quando em um eletrocardiograma o intervalo QT está acima do normal (normal = 0,44 a 0,47 segundos – em torno de 15%). Devido a isso, poderão ocorrer arritmias cardíacas (taquiarritmia). Essas podem gerar episódios de síncope, sendo causas de parada cardíaca com morte súbita. As arritmias aqui descritas geralmente ocorrem em jovens (menores que 15 anos de idade), quando os mesmos estão sob tensão emocional (ansiedade, situações novas, raiva, estímulo auditivo, etc) ou tensão física.

A síndrome do QT longo pode ser dividida em duas formas:

• Idiopática: nesse caso, a pessoa já nasce com a disfunção (congênita) e pode estar associada ou não à surdez congênita.
• Adquirida: é a que ocorre devido ao uso de alguns medicamentos, alterações metabólicas ou nutricionais, ou ainda, lesões do sistema nervoso central, etc.

Por que isso ocorre?

Em pessoas com síndrome do QT longo, as arritmias cardíacas geralmente ocorrem devido a um aumento súbito da atividade simpática (sistema nervoso simpático torácico).

Tratamento clínico (não cirúrgico)

O tratamento da síndrome do QT longo adquirida consiste em substituir ou parar de usar medicamentos que possam estar gerando a síndrome, e corrigir os distúrbios nutricionais ou metabólicos.

O tratamento da síndrome do QT longo idiopática de escolha é realizada com o uso de medicamentos B-bloqueadores (propanolol ou nadolol). Com esse tratamento, consegue-se controlar 70 a 80% dos sintomas dos pacientes. Se mesmo sob tratamento adequado a pessoa continuar apresentando síncopes ou paradas cardíacas, devemos pensar em fazer o tratamento com cirurgia. Realiza-se a interrupção da mensagem do sistema nervoso simpático dos dois lados do tórax. Nos casos em que falharem o tratamento com medicamentos e a cirurgia for contra-indicada, pode-se pensar no tratamento com uso de marcapasso cardíaco ou implante de desfibrilador cardíaco automático.

Tratamento cirúrgico (simpatectomia)

Essa cirurgia pode ser realizada em pessoas que, mesmo sob tratamento adequado, continuarem apresentando síncopes ou paradas cardíacas. Também pode ser realizada em pacientes que apresentam alguma contra-indicação para o uso dos medicamentos (intolerância). A cirurgia que deve ser realizada é denominada de simpatectomia / simpaticotomia (através de vídeo-cirurgia do tórax – clique para saber mais) , e tem sido amplamente realizada desde 1990. Faz-se a interrupção da mensagem do sistema nervoso simpático dos dois lados do tórax.

No que consiste essa cirurgia?

Essa cirurgia é realizada para eliminar a mensagem enviada pelo sistema nervoso simpático, localizado dentro do tórax. Em pessoas com síndrome do QT longo, as arritmias cardíacas geralmente ocorrem devido a um aumento súbito da atividade simpática (sistema nervoso simpático). Sem essa mensagem, a pessoa deverá deixar de apresentar arritmias cardíacas (taquiarritmia) e síncopes, bem como parada cardíaca com morte súbita.

Quem está habilitado a fazer essa cirurgia?

Deve ser realizada por um Cirurgião do Tórax, pois a cadeia simpática localiza-se dentro dessa região.

Técnica cirúrgica (geral)

A operação é realizada sob anestesia geral, através de 2 pequenas incisões (cortes) no tórax, de aproximadamente 0,7 a 1,0 centímetro. Através de uma das incisões, coloca-se o toracoscópio adaptado a uma microcâmera. Esse sistema visualiza, com aumento de 20 vezes, o tórax, lançando a imagem para dois monitores de vídeo. A outra incisão serve para a inserção de tesoura, pinça e aspirador. A partir daí, procede-se a interrupção (desligamento) através da secção (com tesoura, laser, clip, ultracision / bisturi ultra-sônico – harmônico) de alguns gânglios do sistema simpático e de seus microrramos. Atualmente (desde 2003 – Congresso na Alemanha), os locais desligados são diferentes, dependendo de onde a pessoa apresenta os sintomas.

Quando essa cirurgia é indicada?

É indicada para o tratamento da distrofia simpático reflexa / causalgia, da hiperidrose (suor em excesso) de couro cabeludo, face, axilas, mãos e pés. Também pode ser utilizada para tratar o rubor (vermelhidão) da face. Indicada, da mesma forma, para o tratamento da doença / fenômeno de Raynaud, insuficiência vascular dos membros superiores e na síndrome do QT longo.).