Síndrome do Desfiladeiro Torácico
Essa síndrome é caracterizada por apresentar vários nomes na literatura médica e uma certa confusão em se fazer seu diagnóstico e tratamento. Às vezes é confundida com síndrome do túnel do carpo. Também é chamada de Cérvico braquialgia, dor no membro superior, dor no braço, síndrome dos escalenos, síndrome do escaleno anterior, amortecimento ou formigamento de mãos e braços.
O Dr. Malucelli possui longa experiência na medicina do tórax no Brasil e já realizou centenas de cirurgias em adultos e crianças.
A Síndrome do Desfiladeiro Torácico define uma série de sintomas de amortecimento (formigamento), sensação de peso, dor e/ou frigidez que podem ocorrer isoladamente ou em conjunto nos membros superiores (braço, antebraço, mão) e, eventualmente, no ombro ou região lateral do pescoço. Pode ocorrer também, ainda que raramente, na mandíbula e região retroauricular (atrás da orelha).
Aproximadamente 3% da população mundial sofre desse mal, porém, nem todos necessitam de tratamento cirúrgico.
Sintomas
Ocorre dor (que pode ser interna, no osso), amortecimento (formigamento), dormência no braço, antebraço, mão e dedos, podendo ocorrer isoladamente ou de forma combinada em um ou mais desses locais. Isso ocorre geralmente quando a pessoa estica e eleva ou braços acima da cabeça por alguns minutos (ex: para trocar uma lâmpada, pintar uma parede, pentear os cabelos, ou ao dormir com o braço para cima, etc). Pode ocorrer em apenas um ou nos dois braços. A dor e o amortecimento podem atingir a região cervical (pescoço), mandíbula e região occipital (lateral da cabeça). Eventualmente pode haver extremidades frias ou edema (inchaço) no ombro.
Os sintomas se iniciam geralmente entre 20 e 50 anos de idade ou após uma fratura de costelas ou clavícula. As mãos podem ficar azuladas ou roxas, o que ocorre devido à associação dessa síndrome com o fenômeno de Raynaud / doença de Raynaud / Raynaud. Também pode ocorrer associação com hiperidrose (suor em excesso) das mãos.
Por que isso ocorre?
Os nervos, artérias e veias que vão para os braços se originam ao nível da coluna, na região cervical (pescoço). A partir daí, passam pelo estreito torácico superior até atingir os dedos. Essa síndrome caracteriza-se por haver compressão (ao nível do estreito torácico superior) dessas estruturas, geralmente devido à posição errônea da primeira costela ou à presença de uma costela cervical ou pontes fibrosas entre os músculos escalenos. Outra causa pode estar relacionada a complicações após uma fratura de clavícula (com formação de calo ósseo), etc.
Tratamento clínico
Esse tratamento muitas vezes é temporário (os sintomas voltam a ocorrer), pois geralmente existe uma compressão mecânica das estruturas, o que não pode ser eliminado sem cirurgia. O tratamento clínico geralmente é iniciado com fisioterapia (alongamentos e fortalecimento de alguns grupos musculares), antiinflamatórios não hormonais e hormonais ou acupuntura. Sugere-se o afastamento temporário do trabalho. Se os sintomas persistirem por um período compreendido entre 3 e 6 meses, pode haver lesões irreversíveis (atrofias musculares, lesões nervosas, etc) e, portanto, indica-se o tratamento cirúrgico imediato.
Tratamento cirúrgico
É indicado quando o tratamento clínico não obtém cura após alguns meses, ou se estiver havendo piora dos sintomas, perda da força muscular ou amortecimento (formigamento contínuo). Quando isso ocorre, pode haver lesões irreversíveis se o problema não for tratado imediatamente com cirurgia. Classicamente, esse tratamento é realizado por um Cirurgião do Tórax, pois há necessidade de retirada da primeira costela para, dessa forma, haver a descompressão das estruturas (artéria, veia e nervo).
Essa cirurgia foi realizada pela primeira vez em 1861. Portanto, já se sabe muito sobre seus benefícios e efeitos colaterais. A operação é realizada sob anestesia geral, através de uma incisão (corte) na região axilar (axila) do lado comprometido. Pode ser realizada dos dois lados.
Pós-operatório e resultados
A maioria dos pacientes recebe alta 24 a 48 horas após a cirurgia. A prática de exercícios físicos é proibida por no mínimo 30 dias. Utilizam-se analgésicos e antiinflamatórios por um período de 15 a 30 dias.
Em 85% dos pacientes, os sintomas desaparecem completamente após a cirurgia e não retornam mais. Em 10% deles ocorre melhora significativa, e apenas em 5% não se alcança solução desejável.